O Advento, como tempo litúrgico, nasce na liturgia da Gália (actual França) e da Espanha, no séc. IV. Na sua origem, está intimamente associado à festa da Epifania (da manifestação do Senhor – importante reter este sentido da manifestação do Senhor). Mais tarde, as fontes que nos falam da liturgia da Gália aludem a uma ‘Quaresma’ que começava com a Festa de S. Martinho (11 de Novembro). A designação é exactamente essa: Quadragésima Sancti Martini. É interessante constatar que as Biografias ou obras sobre S. Francisco falam-nos também da ‘Quaresma de S. Martinho’. Temos essa referência no cap. III das duas Regras (onde se diz que é o jejum que vai da Festa de Todos os Santos até ao dia que antecede o Natal) e na Legenda Perusina, nº 40, diz-se explicitamente: Quaresma de S. Martinho. O mesmo sucede num outro escrito sobre o Santo: Espelho de Perfeição, nº 62. Embora mais tardio, já medieval, os ecos dos escritos franciscanos vêm confirmar esta tradição.
Como se fazia a contagem dos dias desta Quaresma de S. Martinho?
Entre a festa de S. Martinho (11 de Novembro) e a Epifania, que era a festa celebrativa da manifestação do Senhor, teríamos um período de 8 semanas.
No entanto, à semelhança do que sucedia nas Igrejas Orientais, não eram contados os Sábados e Domingos, pois esses eram dias de celebração festiva da ressurreição do Senhor. Por isso, pondo de parte sábados e domingos, obtinha-se um conjunto que perfazia 40 dias (uma verdadeira Quaresma, de 11 de Novembro a 6 de Janeiro).
Esta Quaresma constituía assim uma espécie de preparação penitencial que anunciava o regresso de Cristo como Juiz do fim dos tempos, tal como ainda hoje está bem vincado nos textos e na liturgia de alguns domingos do Advento que apontam exactamente para esta perspectiva litúrgico-pastoral e reforçam esta dimensão da espiritualidade do Advento. Por exemplo, o ano litúrgico que vamos iniciar (Ano A), esta dimensão está muito presente nos textos da liturgia do 1º Domingo e também do 2º, embora aqui um pouco menos.
É neste contexto de preparação para a manifestação de Cristo que se desenvolve a espiritualidade do Advento, sendo uma espécie de tempo de penitência e de conversão em ordem à expectativa da vinda de Cristo.
Pe. João Lourenço
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