10 de setembro de 2005

Cristianismo e Liberdade

Cristianismo e Liberdade são dois grandes conceitos que deveriam ter o mesmo significado. «Foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal. 5,1): ainda que S. Paulo possa ter dirigido essas palavras aos seus cristãos, por motivos relacionados com as circunstâncias do seu tempo e do local em que viviam, a sua frase não deixa de ser o lema de todos os cristãos, de todos os tempos. Pelas suas origens, a Igreja deveria assumir o papel de guardiã da liberdade neste mundo. No entanto a liberdade que Jesus pretendeu oferecer aos seus discípulos e discípulas tem sido constantemente reprimida, ao longo de quase toda a História da Igreja. Essa repressão, brutal e sanguinária aquando das guerras religiosas, das Cruzadas, da Inquisição e da caça às bruxas, continua viva nos dias de hoje, ainda que os métodos repressivos se tenham modificado. Para os mais velhos entre nós a perseguição astuta da liberdade de pensamento e expressão, perseguição que não poupa sequer a discussão científica, é ainda uma recordação presente e malfazeja. Essa atitude continua a exercer uma influência insidiosa nos nossos dias.
Contudo, o papa João XXIII estabeleceu, como objectivo para o Concílio que convocou em 1959, a abertura da Igreja ao sopro de um vento renovador. E, de facto, o mundo entendeu quer o decurso, quer as conclusões do Concílio, como um movimento em direcção à liberdade. O facto de, actualmente, pouco restar de todos estes ideais é a própria medida das carências da Igreja dos nossos dias.
Ora, como os homens anseiam mais que nunca por liberdade, o seu afastamento da Igreja é cada
vez mais acentuado e imparável.
(...)
Lucerna, Ano Novo 1995

Herbert Haag, Liberdade aos Cristãos, início do Prólogo, Círculo de Leitores

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