18 de janeiro de 2005

Ler a História na Trindade


"Não devemos acreditar naqueles que declaram que Cristo é a resposta para as nossas interrogações. É uma afirmação profundamente falsa. Cristo é, antes de tudo, a subversão das nossas interrogações. Todos os dias, a sua primeira palavra para todos nós é "convertam-se", "mudai o coração e a vida". Nenhum de nós pode afirmar que acredita em Deus se em cada dia não se interroga - "creio em Deus?", isto é, se em cada dia não põe em jogo, de um modo novo, a sua vida.
Somente se Cristo é a subversão das interrogações, torna-se também a resposta, porque só se passa através do fogo purificador do encontro que muda o coração e a vida, que realiza a conversão, a metanoia, porque Cristo é também aquele que dá a paz ao coração inquieto. Então eis que a Palavra que emerge do silêncio, a Trindade revelada na cruz, nos convida a um cristianismo não ideológico, mas a um cristianismo humilde, feito da experiência do mistério, onde a primeira palavra a pronunciar é a palavra do exemplo da vida, da caridade activa, da experiência de Deus que se proclama mais por aquilo que se é, do que por aquilo que se faz."

Bruno Forte, Ler a História na Trindade, in C.M. Martini - B. Forte, Envolvidos pelo mistério da transfiguração. Um itinerário para o Jubileu, Gráfica de Coimbra, Coimbra 1997, 71-72

Sem comentários: